A tristeza, assim como todas as outras emoções, existe para nos ajudar. Solange Rosset nos lembra da importância de escutar cada uma delas, pois todas trazem um convite especial.
Conhecer nossas emoções é, na verdade, conhecer a nós mesmos. Essa é a grande oportunidade de avaliar a rota que estamos traçando na nossa vida. Estamos sempre no mesmo caminho, sobrevivendo, repetindo padrões? Ou estamos dispostos a explorar novos caminhos?
A tristeza desempenha um papel fundamental nesse processo de avaliação. Imagine aquele momento em que perdemos algo importante ou enfrentamos um desapontamento. A tristeza nos faz parar e refletir sobre o que aconteceu, nos levando a reconsiderar nossas escolhas e nos ajudando a compreender o que realmente importa para nós. É como um sinal que nos convida a cuidar de nossas feridas, a dar atenção àquilo que está faltando em nossas vidas.
Por outro lado, a tristeza também pode nos atrapalhar quando se torna excessiva e nos prende em um ciclo de pensamentos negativos. Pense em uma situação onde, após uma perda, a tristeza persiste por tanto tempo que começamos a nos isolar, a evitar atividades que antes nos davam prazer, e até a acreditar que nada mais pode melhorar. Esse excesso de tristeza pode nos paralisar, contribuindo para o desenvolvimento de processos depressivos e nos afastando das possibilidades de mudança.
Na Terapia de Esquemas, desenvolvida por Jeffrey Young, entendemos que nossas reações emocionais, como a tristeza, estão frequentemente ligadas a esquemas emocionais formados na infância. Esses esquemas são padrões de comportamento, pensamento e sentimento que desenvolvemos para lidar com nossas necessidades emocionais básicas, como amor, segurança e pertencimento. Quando esses esquemas não são saudáveis, eles podem amplificar a tristeza de maneira disfuncional.
Por exemplo, alguém com um esquema de Abandono pode experimentar uma tristeza intensa e prolongada em situações de perda ou separação, mesmo quando a situação não justifica tamanha reação. Esse esquema faz com que a pessoa interprete eventos como se estivesse sempre à beira de ser deixada para trás, o que aumenta a sensação de desamparo e tristeza.
Por outro lado, a tristeza pode nos ajudar a identificar quando um esquema está sendo ativado. Se nos sentimos tristes de maneira constante e não conseguimos sair desse estado, pode ser um sinal de que estamos presos a um esquema mal-adaptativo, como o de Deprivação Emocional, onde sentimos que nossas necessidades emocionais nunca serão atendidas. Reconhecer isso nos dá a chance de buscar ajuda, entender nossos esquemas e começar a trabalhar para mudá-los.
Então, fica a dica: você consegue identificar quando se sente triste? E qual é o convite que essa tristeza te faz naquele momento? Será que ela está te mostrando uma necessidade que precisa ser atendida, ou será que ela está ligada a um esquema disfuncional? Como você reage nessas horas? O seu comportamento te aproxima ou te afasta do que você realmente precisa?
