Por Cristiane de Almeida Peretti
A dica de filme de hoje é de uma história despretensiosa, leve, sem grandes suspenses ou realizações. Um filme inspirado em outro mais famoso: Feitiço do tempo, em que um repórter (Bill Murray) vai a uma pequena cidade fazer uma matéria sobre o “Dia da marmota” e inexplicavelmente fica preso no tempo, condenado a vivenciar para sempre os eventos daquele dia.
A indicação de hoje também tem essa temática, os personagens são dois adolescentes que ficam presos no tempo, revivendo continuamente o mesmo dia. Enquanto Mark quer se livrar desse ciclo, Margaret quer ficar e aproveitar as oportunidades. Não há melhor metáfora para representar as angústias adolescentes, e porque não nossas, sobre a sensação de viver o dia que se repete eternamente. Quem de nós nunca experimentou esse sentimento de tédio, de estar num looping, fazendo todos os dias a mesma coisa? Chico Buarque já cantava:” Todo dia ela faz tudo sempre igual, me acorda a seis horas da manhã…”
E por ser um filme despretensioso, às vezes até ingênuo, com leveza aborda as possibilidades de vermos o novo nos detalhes e a nossa capacidade de enxergar além das aparências. Encontrando sentido nas trivialidades do dia a dia. O que era banal torna-se essencial e atende necessidades escondidas revelando o quanto ficamos presos ao passado e nas “historinhas” que contamos a nós mesmos para não ter que viver a dor real, imposta pela vida.
A decisão em trazer esse filme e não um vencedor do Oscar é para lembrar que somos pessoas comuns, vivendo uma vida comum e que neste lugar há muitos benefícios Esse sonho de ser especial o tempo todo não é real e a graça da vida está nas pequenas coisas, que só são significativas para quem as vive ao vivo e a cores.
